A Teoria do Equilíbrio dos papéis
Compartilhe
Doação. Entrega.
Se tem uma coisa pela qual pais e mães são colocados num altar é a capacidade de abdicar das próprias vontades em função dos filhos.
Muitas vezes não há escolha, o desenrolar da vida em família se encarrega de nos habilitar nessa alta escala de hierarquia de humanos.
Quando eu ainda não tinha filhos algo que me irritava profundamente eram pais que paravam em fila dupla na porta das escolas. Isso me levava a crer que achavam que suas necessidades estavam acima das dos outros. Quanta prepotência, pensava.
Embora essa situação ainda cause certo desconforto eu não julgo mais, e entendo que estamos diante de um contexto social em que é comum que as necessidades das crianças sejam colocadas em primeiro lugar mesmo que isso signifique passar por cima das dos outros.
Será que você já deu uma desculpa pra não ir no bar com os amigos? Ou adiou a academia por se sentir culpada por ter passado da hora de sair do escritório? Não compra mais roupas pra você? Já deixou pro mês que vem o conserto que ficou de fazer na pia da casa da mãe? E pro ano que vem aquele workshop que vai te dar um up na carreira? Há muitos livros na sua lista de espera de leitura?
Quando estamos em um sistema familiar em que - presume-se - há adultos e crianças é importante que a cada um possa ser garantida a autonomia sem que fira autonomia dos outros. Em um ambiente em que esse equilíbrio se fere podemos criar indivíduos que, não sendo estimulados a praticar a empatia, não consigam perceber as necessidades dos outros ficando também alheios as suas. Isso compromete o nível geral de bem estar da família prejudicando também as relações do indivíduo lá fora, onde a recepção costuma ser bem menos acolhedora. E o que é pior, corremos o risco de gerar sobre nossos filhos a responsabilidade por nos devolver a doação. Isso seria injusto com eles.
Por isso se divirta com os amigos. Saia com o seu amor. Tire um dia só pra você de vez em quando. A rotina é difícil mas você vai voltar pra ela com mais vontade de se doar, pois a entrega é justa e se sustenta equilibrada por muito mais tempo.
PS: A foto acima foi uma noite muito especial para nós, Laryssa e Marcos. Fomos a um show memorável, Coldplay em São Paulo, novembro de 2017.
Laryssa Chaves
Se tem uma coisa pela qual pais e mães são colocados num altar é a capacidade de abdicar das próprias vontades em função dos filhos.
Muitas vezes não há escolha, o desenrolar da vida em família se encarrega de nos habilitar nessa alta escala de hierarquia de humanos.
Quando eu ainda não tinha filhos algo que me irritava profundamente eram pais que paravam em fila dupla na porta das escolas. Isso me levava a crer que achavam que suas necessidades estavam acima das dos outros. Quanta prepotência, pensava.
Embora essa situação ainda cause certo desconforto eu não julgo mais, e entendo que estamos diante de um contexto social em que é comum que as necessidades das crianças sejam colocadas em primeiro lugar mesmo que isso signifique passar por cima das dos outros.
Será que você já deu uma desculpa pra não ir no bar com os amigos? Ou adiou a academia por se sentir culpada por ter passado da hora de sair do escritório? Não compra mais roupas pra você? Já deixou pro mês que vem o conserto que ficou de fazer na pia da casa da mãe? E pro ano que vem aquele workshop que vai te dar um up na carreira? Há muitos livros na sua lista de espera de leitura?
Quando estamos em um sistema familiar em que - presume-se - há adultos e crianças é importante que a cada um possa ser garantida a autonomia sem que fira autonomia dos outros. Em um ambiente em que esse equilíbrio se fere podemos criar indivíduos que, não sendo estimulados a praticar a empatia, não consigam perceber as necessidades dos outros ficando também alheios as suas. Isso compromete o nível geral de bem estar da família prejudicando também as relações do indivíduo lá fora, onde a recepção costuma ser bem menos acolhedora. E o que é pior, corremos o risco de gerar sobre nossos filhos a responsabilidade por nos devolver a doação. Isso seria injusto com eles.
Por isso se divirta com os amigos. Saia com o seu amor. Tire um dia só pra você de vez em quando. A rotina é difícil mas você vai voltar pra ela com mais vontade de se doar, pois a entrega é justa e se sustenta equilibrada por muito mais tempo.
PS: A foto acima foi uma noite muito especial para nós, Laryssa e Marcos. Fomos a um show memorável, Coldplay em São Paulo, novembro de 2017.
Laryssa Chaves